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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Yoani Sanchez: direitos humanos em Cuba.


1- Yoani Sánchez critica silêncio do Brasil com relação aos direitos humanos em Cuba
Quatro dias depois de chegar ao país, blogueira cubana consegue, enfim, expor suas ideias sem ser interrompida por gritos de protesto
A blogueira Yoani Sánchez criticou a mudez do governo brasileiro com relação à questão dos direitos humanos em Cuba. "Há muito silêncio", disse a cubana. "Recomendaria uma posição mais enérgica". A declaração foi feita na manhã desta quinta-feira, quatro dias depois de Yoani desembarcar no país, durante um debate realizado na sede do jornal O Estado de S. Paulo. Com a voz levemente rouca e uma pulseira do Senhor do Bonfin no braço direito, esta foi a primeira vez que a blogueira crítica ao regime ditatorial dos irmãos Castro conseguiu expor suas opiniões sem ouvir gritos de protestos nem sofrer agressões verbais.
"Não me surpreenderam", disse, ao comentar os protestos. "Os blogs oficiais do meu país já haviam avisado que eu teria uma resposta contundente durante a viagem. Todos têm direito de manifestar sua opinião. O que me surpreendeu foi a violência física. Nunca imaginei que me impediriam de falar".
A blogueira aproveitou o evento para responder parte das críticas que os defensores dos irmãos Castro fazem a ela. Ao ser questionada sobre quem está financiando sua viagem – Yoani percorrerá mais de dez países em 80 dias –, a cubana respondeu que o dinheiro vem de diversas instituições, como a Anistia Internacional, universidades e blogueiros. "Não tenho milhões de dólares, mas tenho milhões de amigos". Um dos objetivos de Yoani é receber os prêmios (que somam mais de mais de 300 000 reais) que recebeu ao longo dos últimos anos pelo trabalho em Generación Y.
Yoani aproveitou para salientar que as pessoas que a ajudam com o blog (traduzido para 18 idiomas) são voluntários espalhados pelo mundo. "Quem traduz meus textos para o inglês, por exemplo, é uma motorista de ônibus de Nova York de 65 anos", conta. "Mas o governo não acredita mais na espontaneidade. Quando eles querem algo, ordenam, pagam".
Nesta quinta-feira, às 18h, Yoani participará de um evento com blogueiros na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, e, em seguida, autografará o livro De Cuba, com carinho. A blogueira permanece na capital paulista até sábado, quando embarcará para a Republica Checa.
Veja abaixo alguns dos temas comentados por Yoani Sánchez no debate desta quinta-feira:
Internet
A internet é para os cubanos uma plataforma de liberdade. Um campo de treinamento para o que algum dia pode se tornar realidade. Ela possibilita que mais pessoas possam se tornar o epicentro da informação. É um espaço democrático, com pessoas boas e más.
Fidel e Raúl Castro
O governo de Raúl nasceu de um pecado original: ele não foi eleito. As reformas econômicas que tem feito estão na direção correta, mas num ritmo absurdamente lento e sem profundidade. O governo de Fidel Castro, por sua vez, queria controlar cada aspecto da vida dos cubanos, desde o que vestíamos ao café que tomávamos. Sobre a repressão, Fidel fazia dela um espetáculo, com grandes julgamentos e punições exemplares. No governo de Raúl, a repressão é velada.
Comunismo e capitalismo
Tenho uma relação ruim com as ideologias. Sou uma pessoa pós-moderna, que cultua a liberdade. Não creio que em Cuba haja um socialismo e muito menos um comunismo. Classificaria o governo cubano como um capitalismo de estado. O patrão é o governo.
Educação e saúde
A estrutura física e a extensão da rede de ensino e de saúde em Cuba são aspectos positivos. Existem escolas e postos de saúde em cada bairro. Porém, existe um colapso material. Os professores ganham menos de trinta dólares por mês, o que diminui a qualidade. São pessoas despreparadas.
Economia
Cuba vive hoje uma esquizofrenia monetária. Existe o peso cubano e o peso conversível. O cubano acorda todos os dias com um objetivo: o que fazer para conseguir pesos conversíveis e alimentar sua família. Existem algumas alternativas. Caso ele seja um cozinheiro de um grande hotel, por exemplo, pode roubar um azeite ou um pedaço de queijo para vender no mercado negro. Também pode se prostituir, trabalhar clandestinamente ou pedir que parentes que emigraram enviem dinheiro. Quem não tem nenhum desses caminhos passa mal. O salário não é mais a principal fonte de renda.
Embargo econômico
Há uma teoria que diz que o embargo é uma caldeira. O fogo geraria precariedade econômica e material, o que levaria as pessoas à rua. Mas o embargo não resulta em rebeldia, mas na imigração dos cubanos. Outro motivo pelo qual sou contra o embargo é o fato de que ele embasa os argumentos do governo cubano que diz que não há batatas, não há tomates, não há comida por causa do império. Sem essa desculpa, quem eles vão culpar?
Protestos internos
Desde pequenos, os cubanos recebem uma série de informações e propagandas que fazem com que eles acreditem que o país não lhes pertence. Pertence a uma geração histórica, que foi a protagonista da revolução. Isso cria uma apatia grande. Além disso, tem uma paralisia provocada pelo medo. Não um medo da morte, mas um medo da delação. Você acha que será denunciado pelo seu vizinho. Isso leva muitas pessoas a tentarem resolver os seus problemas individualmente. Mas existe uma oposição hoje de jovens que se manifesta artisticamente, via internet, que procura divulgar as informações de forma ampla.
Manifestações no Brasil
Muitas dessas pessoas que protestaram contra mim nunca estiveram em Cuba. Outras estiveram por duas semanas fazendo turismo. É uma visão muito superficial. Para os mais velhos, acredito que seja difícil assumir que aquilo em que eles tanto acreditaram está morto, não deu certo. O governo cubano cria uma realidade distorcida. Eles propagam uma Cuba que não existe, uma cidade utópica, de esperança, onde todos têm chances. Quando meu filho era criança chegou em casa da escola dizendo que antes de Fidel Castro não havia universidades em Cuba. Isso é mentira.





A blogueira favorita da mídia

 

Por Cynara Menezes


Falta um dente no sorriso da blogueira “milionária”, como parte da esquerda se esforça em catalogar Yoani Sánchez. Tanto o endeusamento patrocinado pela mídia internacional quanto a tentativa de reduzi-la a uma mera agente a serviço dos Estados Unidos foram os responsáveis por elevar a jornalista de 37 anos ao patamar de opositora mais visível do regime cubano hoje.
No Brasil, Yoani foi recebida praticamente como chefe de Estado por políticos da oposição, com direito a interromper uma sessão da Câmara para que ela conhecesse o plenário.
A blogueira cubana iniciou aqui uma turnê por 12 países da América Latina e Europa, além dos Estados Unidos, que se tornou possível após Cuba ter mudado a política migratória, em janeiro. Antes disso, Yoani havia feito 20 tentativas de sair da ilha nos últimos cinco anos, em vão. Ela é pequena, muito pálida e magra. Seus cabelos longos lhe conferem um certo ar de evangélica. Calma, enfrentou estoicamente os protestos furiosos e despropositados de militantes do movimento estudantil em sua passagem pela Bahia, na semana passada. Ao falar, porém, sua voz grave se impõe, é articulada e soa extremamente convicta de seus objetivos.
O objetivo número um é, claro, derrubar o regime de Fidel e Raúl Castro. Para isso, Yoani Sánchez não parece preocupada em se unir a quem for. Foi nomeada vice-presidente para Cuba de uma entidade patronal de imprensa, a SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), e não demonstra interesse em discutir problemas de direitos humanos a não ser em seu país. Sempre que perguntada sobre os presos norte-americanos na base de Guantánamo, por exemplo, responde: “Acho um horror, uma ilegalidade. Infelizmente não posso fazer nada quanto a isso”. Na Câmara dos Deputados, posou ao lado do que há de pior na política brasileira, como o líder ruralista Ronaldo Caiado e o brucutu homofóbico Jair Bolsonaro.
Hábil com as palavras, a cubana recorre a frases de efeito para responder questões mais difíceis, como a recorrente pergunta sobre a educação e a saúde cubana, apontadas como exemplo de que há coisas boas no regime que tanto critica. “É como se eu fosse um passarinho que deveria estar feliz na gaiola só porque recebo alpiste e me ensinam alguns truques. Eu quero voar”, diz. A frase é ótima e ela a repete em toda parte.
Tampouco adianta tentar fazer comparações entre problemas de outros países com os que enfrenta no seu, que ela se sai com essa: “É como se eu estivesse com dor de dente e alguém viesse me dizer: ‘você reclama, mas eu tenho dois dentes doendo’. Isso não vai fazer com que o meu pare de doer.” Justiça seja feita: Yoani não foge de nenhuma pergunta, muito embora a condescendência com que foi tratada pelos repórteres no Brasil não tenha sido exatamente um desafio. Ela nega o suposto financiamento que teria de entidades governamentais dos EUA, atribuindo a “difamações” propagadas pelos Castro.


Compare os textos. Observe semelhanças e / ou diferenças em relação às declarações e ideias defendidas pela blogueira cubana.

Obs: não se esqueça de verificar as fontes dos textos.

De acordo com seus estudos em aula, procure explicar a afirmação grifada no texto 1.

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