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domingo, 17 de março de 2013

A partilha da África- Imperialismo


 A  partilha da África


No fim do século 19, países europeus repartiram o continente africano entre si e o exploraram durante quase 100 anos. Os invasores se foram, mas deixaram os efeitos nefastos de sua presença
Ao encerrar a Conferência de Berlim, em 26 de fevereiro de 1885, o chanceler alemão Otto von Bismarck inaugurou um novo – e sangrento – capítulo da história das relações entre europeus e africanos. Menos de três décadas após o encontro, ingleses, franceses, alemães, belgas, italianos, espanhóis e portugueses já haviam conquistado e repartido entre si 90% da África – ou o correspondente a pouco mais de três vezes a área do Brasil. Essa apropriação provocou mudanças profundas não apenas no dia-a-dia, nos costumes, na língua e na religião dos vários grupos étnicos que viviam no continente. Também criou fronteiras que, ainda hoje, são responsáveis por tragédias militares e humanitárias.
O papel da conferência, que contou com a participação de 14 países, era delinear as regras da ocupação. “A conferência não ‘dividiu’ a África em blocos coloniais, mas admitiu princípios básicos para administrar as atividades européias no continente, como o comércio livre nas bacias dos rios Congo e Níger, a luta contra a escravidão e o reconhecimento da soberania somente para quem ocupasse efetivamente o território reclamado”, afirma Guy Vanthemsche, professor de História da Universidade Livre de Bruxelas, na Bélgica, e do Centro de Estudos Africanos de Bruxelas.
A rapidez com que a divisão se deu foi conseqüência direta da principal decisão do encontro, justamente o princípio da “efetividade”: para garantir a propriedade de qualquer território no continente, as potências européias tinham de ocupar de fato o quinhão almejado. Isso provocou uma corrida maluca em que cada um queria garantir um pedaço de bolo maior que o do outro. “Em pouco tempo, com exceção da Etiópia e da Libéria, todo o continente ficou sob o domínio europeu”, diz a historiadora Nwando Achebe, da Universidade Estadual do Michigan. A Libéria, formada por escravos libertos enviados de volta pelos Estados Unidos, havia se tornado independente em 1847. Na Etiópia, a independência foi garantida depois da Conferência de Berlim, com a vitória do exército do imperador Menelik II sobre tropas italianas na batalha de Adwa, em 1896.
O interesse europeu pela África vinha de muito tempo antes da conferência. No século 15, os portugueses já haviam chegado aos arquipélagos de Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, iniciando sua ocupação do continente (que depois se estendeu a Angola e Moçambique). Os britânicos ocuparam partes da atual África do Sul, do Egito, do Sudão e da Somália no século 19. No mesmo período, os franceses se apoderaram de parte do Senegal e da Tunísia, enquanto os italianos marcavam presença na Eritréia desde 1870. Em 1902, França e Inglaterra já detinham mais de metade do continente.
Tiros e mentiras
A ocupação não se deu somente com a força das armas de fogo, que eram novidade para muitos dos povos subjugados. A trapaça foi largamente usada para a conquista e manutenção dos territórios. O rei Lobengula, do povo Ndebele, é um exemplo: assinou um contrato em que acreditava ceder terras ao magnata britânico Cecil Rhodes em troca de “proteção”. O problema é que o contrato firmado pelo rei não incluía a segunda parte do trato. O monarca nem percebeu, pois era analfabeto e não falava inglês. Apesar dos protestos de Lobengula, que acreditava que a palavra valia alguma coisa entre os recém-chegados, o governo da Inglaterra se fez de desentendido. Apoiou a exploração do território Ndebele, no atual Zimbábue, de onde Rhodes tirou toneladas de ouro.
O mais famoso entre os trapaceiros, no entanto, foi o rei Leopoldo II, que conseguiu passar a perna em africanos e europeus. Soberano de um pequeno país, a Bélgica, não tinha recursos nem homens para ocupar grandes territórios. Por isso, criou associações que se apresentavam como científicas e humanitárias, a fim de “proteger” territórios como a cobiçada foz do rio Congo. “Graças a hábeis manobras diplomáticas, ele conseguiu obter o reconhecimento, por todas as potências da época, de um ‘Estado Livre do Congo’, do qual ele seria o governante absoluto”, afirma o professor Vanthemsche. Leopoldo dominou com mão de ferro o Congo, usando métodos violentos para conseguir extrair o máximo que pudesse para aumentar sua riqueza pessoal.
Mas o principal método utilizado pelos europeus foi o bom e velho “dividir para dominar”. A idéia era se aproveitar da rivalidade entre dois grupos étnicos locais (ou criá-la, se fosse inexistente) e tomar partido de um deles. Com o apoio do escolhido, a quem davam armas e meios para subjugar os rivais, os europeus controlavam a população inteira. “Pode-se dizer que todas as potências conduziam a conquista da mesma forma: através da força bruta, dividindo para dominar e usando soldados que eram principalmente africanos e não europeus”, diz Paul Nugent, professor de História Africana Comparada e diretor do Centro de Estudos Africanos da Universidade de Edimburgo, na Escócia.
O método usado pelos colonizadores provocou tensões que até hoje perduram, pois transformou profundamente as estruturas sociais tradicionais da África. “Formações de grupos flexíveis e cambiantes foram mudadas para ‘estruturas étnicas’ bastante rígidas”, afirma Vanthemsche. O exemplo mais extremo dessa fronteira imaginária criada pelos europeus é o de tutsis e hutus, de Ruanda. Os tutsis foram considerados de “origem mais nobre” pelos colonizadores (primeiro alemães, depois belgas), e os hutus foram colocados em posição de inferioridade. Os tutsis mantiveram o poder mesmo após a saída dos belgas. Em 1994, 32 anos após a independência de Ruanda, cerca de 1 milhão de pessoas morreram no conflito em que os detentores do poder foram perseguidos pelos até então marginalizados hutus.
As fronteiras territoriais também foram delineadas sem respeitar a disposição da população local, com base nos interesses dos europeus. “Eles recorriam a noções arbitrárias como latitude, longitude, linha de divisão das águas e curso presumível de um rio que mal se conhecia”, afirma o historiador Henri Brunschwig em A Partilha da África Negra. E essas fronteiras ainda sobrevivem. Segundo o geógrafo francês Michel Foucher, cerca de 90% das atuais fronteiras na África foram herdadas do período colonial. Apenas em 15% delas foram levadas em consideração questões étnicas. Há ainda mais de uma dezena de fronteiras a serem definidas, segundo
Foucher.
O Saara Ocidental é o único caso de território africano que ainda não conseguiu a independência. Em 1975, depois de décadas explorando o fosfato da região, a Espanha o abandonou. No mesmo ano, o Marrocos invadiu o país. Houve resistência, e a guerra durou até 1991. Desde então, a Organização das Nações Unidas tenta organizar um referendo para que a população decida se quer a independência ou a anexação pelo Marrocos.
Para os países africanos, ver-se livre dos europeus não significou uma melhoria de sua situação. Ao contrário: em muitos lugares, a independência provocou guerras ainda mais sangrentas, que contaram com a participação das antigas metrópoles coloniais. Um exemplo é a Nigéria. Seis anos após a independência do país, em 1960, os ibos, que haviam adotado o cristianismo, declararam a secessão do território nigeriano de Biafra. Foram apoiados por franceses e portugueses, interessados nas ricas reservas de petróleo da região. Os hauçás e fulanis, muçulmanos que dominavam o cenário político do país, lutaram pela unidade apoiados pelos ingleses. O resultado foi uma guerra civil em que quase 1 milhão de nigerianos morreram, a grande maioria de fome – até hoje o país é palco de embates religiosos e políticos.
Na marra
Não se sabe exatamente quantos grupos étnicos havia na África quando os colonizadores chegaram, mas acredita-se que fossem por volta de mil. “O que sabemos sugere que as formações políticas e grupais eram muito mais fluidas e a variação lingüística era muito maior do que na era colonial”, diz o historiador Keith Shear, do Centro de Estudos Africanos Ocidentais da Universidade de Birmingham. Línguas foram adotadas em detrimento de outras, o que provocou o nascimento de elites. “A chegada de missionários e a introdução de escolas formais fizeram com que dialetos específicos fossem selecionados para traduzir a Bíblia. Estabeleceram-se ortografias oficiais, provocando homogeneidade lingüística”, afirma Shear. Os que falavam a língua do grupo majoritário tiveram mais facilidades num governo centralizado e dominado por uma só etnia.
Se por um lado alguns dialetos desapareceram, o mesmo não ocorreu com a diversidade étnica. “Grupos étnicos não foram eliminados durante o domínio colonial, apesar de os alemães terem tentado realizar o primeiro genocídio na Namíbia”, diz Paul Nugent. Teria sido possível, inclusive, o surgimento de outros povos. “Muitos historiadores defendem a tese de que novos grupos foram criados durante o período colonial, pois as pessoas começaram a se autodefinir de novas formas. Por exemplo: os ibos da Nigéria e os ewes de Gana e do Togo apenas passaram a se denominar desse modo durante o período entre as duas Grandes Guerras Mundiais”, afirma Nugent.
A colonização comprometeu duramente o desenvolvimento da África. Hoje o continente abriga boa parte dos países mais pobres do planeta. “No plano político, o legado do colonialismo inclui a tradição de administração de cima para baixo, a persistência de burocracias que fornecem poucos serviços e um baixo senso de identidade e interesse nacional. Os Estados são geralmente fracos, ineficientes e brutais”, diz Shear. “Economicamente, o colonialismo produziu, em sua maior parte, economias dependentes, monoculturistas e não integradas, que atendem prioridades externas e não internas.”
A situação atual dos países africanos pode ser atribuída à pressa que os colonizadores tiveram em transformar a realidade local. Isso fez com que o continente pulasse etapas importantes. “O maior problema é que, em apenas algumas décadas, as sociedades tradicionais africanas foram lançadas em uma situação totalmente desconhecida. Você não pode criar um sistema capitalista e Estados democráticos de um dia para outro, em poucas gerações. As próprias sociedades tradicionais européias precisaram de séculos para chegar a esse resultado”, diz Guy Vanthemsche. Essa chance nunca foi dada aos africanos.

Quase sem querer
As aventuras dos exploradores ajudaram na conquista dos povos africanos
Mesmo quando pretendiam apenas “salvar” algumas almas, os homens que desbravaram a África acabaram colaborando com os governos europeus na conquista e ocupação do continente. “Missionários e exploradores tiveram influências contraditórias. Trouxeram com eles importantes recursos, como armas de fogo e outros bens, mas eram incapazes de controlar e prever as conseqüências de suas intervenções”, diz Keith Shear, da Universidade de Birmingham. Mesmo que involuntariamente, o explorador francês Pierre de Brazza estimulou a convocação da Conferência de Berlim. Ele fez um acordo com Makoko, rei dos batekes, que viviam próximo ao rio Congo: ofereceu proteção em troca de exclusividade comercial. “A França então reivindicou soberania sobre a região em 1882. Mas isso entrou em conflito com os interesses de países como Portugal, Inglaterra e Bélgica”, diz o historiador Guy Vanthemsche, da Universidade Livre de Bruxelas. O impasse entre os colonizadores os levou à Conferência. Outro explorador, Henry Morton Stanley, trabalhou na mesma região que Brazza. Ajudou o rei belga Leopoldo II a fundar o Estado Livre do Congo e a explorar os trabalhadores locais, mas foi acusado de torturar e matar africanos a mando do monarca. Antes disso, o galês Stanley, trabalhando como jornalista, fora enviado à África por um diário americano para procurar o missionário escocês desaparecido David Livingstone. Após percorrer milhares de quilômetros, encontrou um homem branco e cunhou a célebre frase: “Doutor Livingstone, eu presumo”. Acertou. Sob o lema “Cristianismo, Comércio e Civilização”, Livingstone havia sido um dos primeiros europeus a cruzar a África, tornando-se uma lenda viva. Ao converter os africanos ao catolicismo ou ao protestantismo, entretanto, missionários como ele facilitavam a colonização. O combate às crenças e rituais tradicionais contribuiu para que o poder dos líderes tribais africanos, muito baseado na
religião, entrasse em declínio.

                                                                                                                 Aventuras na História- julho/06.
A partir do texto e de seus estudos, responda;

1-      Explique o que foi e qual a importância da conferência de Berlim.
2-      Explique o princípio da efetividade e seus efeitos na conquista da África.
3-      Apresente formas utilizadas pelos europeus para ocupação e colonização da África.
4-      Explique o lema “Cristianismo, comércio e civilização”,no contexto da colonização da África.
5-      Explique “ dividir para dominar”. Quais os efeitos desse método para os povos africanos?
6-      Cite a questão que envolveu os tutsis e hutus, em Ruanda.
7-      As fronteiras territoriais originais dos povos africanos foram respeitadas na sua divisão? Justifique.
8-      Após a segunda guerra mundial, o processo de independência na região garantiu a melhoria de sua situação? Justifique.
9-      De modo geral, quantos grupos étnicos havia na África à época da colonização no século XIX? Qual o processo que levou à  formação de elites locais entre eles?
10-  Escreva o legado da colonização aos países africanos.


sexta-feira, 15 de março de 2013

Papa Francisco


http://veja.abril.com.br/multimidia/galeria-fotos/papa-francisco-2013

O novo papa , Francisco, é um jesuíta.
Conheça sobre a Companhia de Jesus.
A ordem dos jesuítas nasceu da união de sonhos de seu fundador, Inácio de Loyola e dos esforços aplicados no momento em que a Igreja Católica mais precisava. A possibilidade de expansão do protestantismo acelerou o movimento de reação, exigindo atuação de Papas reformistas e do Concílio de Trento.
A Companhia de Jesus tem formado nestes mais de quatro séculos, homens que vêm marcando sua presença na história da Igreja e do mundo. Conta com um número considerável de santos e beatos - mais exatamente, 41 santos (entre eles 27 mártires) e 139 beatos (entre eles 131 mártires).
Seu fundador deu-lhe uma organização muito simples: é dirigida por um Padre Geral eleito por toda a vida, e dividida em províncias cada uma a cargo de um "provincial".
Cedo a Companhia de Jesus se ocupou da educação dos jovens. Já em 1548 se abria o primeiro colégio em Messina (Itália) destinado aos leigos.
Importantes ao longo de toda a história brasileira, e absolutamente fundamentais em seu princípio, os jesuítas desembarcaram na Bahia - trazidos pelo primeiro governador-geral Tomé de Souza - em 09 de março de 1549. Apenas nove anos, portanto, após a fundação da Companhia.
Muitos foram os homens dinâmicos, como Nóbrega, Anchieta, Luiz da Grã, Leonardo Nunes e Cristóvão Gouveia, a se sacrificar na realização de seu trabalho de fé. Estes e tantos outros, como, Antônio Vieira, uma dos maiores pregadores que a Companhia teve (um século mais tarde), identificaram-se completamente com os princípios da História do Brasil, sobretudo no capítulo da educação e catequese dos índios.
Quando em 1549 os jesuítas chegaram ao Brasil logo abriram escolas de ler e escrever e também de prática agrícola, marcenaria e ferraria. A educação, pois, no Brasil começou com os jesuítas. A formação comum dos professores religiosos, a mesma espiritualidade garantiam a unidade pedagógica, vazada em documento de 1599, a famosa "Ratio Studiorum" (ordenação dos estudos).
Esse sistema de educação formado por colégios, missões, catequese e que em muitos lugares era o único disponível, sofreu uma violenta interrupção em 1759, quando os jesuítas foram obrigados, pelo Marquês de Pombal, a deixar o Brasil.
Havia então 10 colégios, 10 seminários e outras residências. Os jesuítas estavam presentes até na Ilha de Marajó.
As conseqüências desta lacuna no sistema educacional podem ser sentidas até hoje, apesar do retorno gradativo dos jesuítas ao país, a partir do início do século passado.
Os jesuítas começaram a voltar ao Brasil em 1842: jesuítas alemães no Sul e italianos no Sudeste. Mais tarde, portugueses no Nordeste. Em 1867 é fundado em Itu, São Paulo, o colégio São Luís, hoje funcionando na capital do estado. O colégio Anchieta foi fundado em 1890 em Porto Alegre. Outros se sucedem nas principais capitais: Rio de Janeiro, Florianópolis, Salvador, Recife e mais recentemente Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza e Teresina. No colégio de Nova Friburgo, Rio de Janeiro, estudaram personalidades importantes da República. Os jesuítas assumiram uma escola técnica de eletrônica em Minas Gerais e desde 1940 atuam no campo do ensino superior com a PUC do Rio de Janeiro (1940). Nas décadas seguintes surgiram a UNICAP (Recife) e a UNISINOS (São Leopoldo, Rio grande do Sul). Em São Paulo, com mais de 50 anos funciona a Faculdade São Luís.
A este grupo de escolas de ensino superior somam-se as escolas e institutos de pesquisa mantidas pela Fundação Educacional Inaciana Pe. Sabóia de Medeiros (antiga Fundação de Ciências Aplicadas), fundados a partir de 1941 pelo Pe. Sabóia de Medeiros, hoje reunidos no Centro Universitário FEI com cursos de engenharia, administração e ciências da computação.
Hoje em dia, no mundo inteiro, cerca de dez mil jesuítas, com a colaboração de cem mil leigos, são responsáveis por estender a ação educacional da Companhia de Jesus a mais de duas mil Instituições de ensino, atendendo a cerca de um milhão e meio de jovens e adultos, em 56 países.
No momento, no Brasil, há 4 províncias, uma região missionária e um distrito missionário. Os jesuítas atendem a 100.000 alunos. Em seus colégios e universidades um grande número de professores leigos colaboram para que as metas fundamentais da educação jesuítica sejam alcançadas.

http://www.fei.org.br/CompanhiaDeJesus.aspx
Os Jesuítas no Brasil

Célia Cristina da Silva Tavares (FFP-UERJ)
Os primeiros seis jesuítas vieram para o Brasil com o primeiro Governador Geral, Tomé de Souza, em 1549, autorizados pelo rei para manterem, com exclusividade, atividades missionárias regulares na colônia. A congregação religiosa dos inacianos ainda estava em estruturação e somente em 1556 chegaram ao Brasil as recém-escritas Constituições da Ordem.
A Província do Brasil da Assistência de Portugal foi organizada desde o século XVI, enquanto que a Vice-Província do Maranhão só foi estruturada no século XVII.
Os nomes dos primeiros inacianos radicados no Brasil são muito conhecidos: Manuel da Nóbrega, João Azpilcueta, Leonardo Nunes, Antônio Pires, Diogo Jácome e Vicente Rodrigues. A este núcleo inicial somaram-se outros nomes ao longo do século XVI, dentre os quais o famoso José de Anchieta. O significativo crescimento dessa congregação religiosa no Brasil acompanhou a tendência geral de expansão da Companhia de Jesus. Em um período de 26 anos o número de inacianos aumentou muito, 61 em 1568 para 154, em 1594 [1].
Já a presença sistemática de representantes da Companhia de Jesus na região do Maranhão e do Grão-Pará foi relativamente tardia. No início do século XVII, mais precisamente em 1607, dois inacianos, Francisco Pinto e Luís Figueira, partiram de Pernambuco para a serra de Ibiapaba com o intuito de evangelizar tribos indígenas ali localizadas. O primeiro foi sacrificado pelos índios Tapuias; Luís Figueira conseguiu escapar e voltou a Pernambuco.
O segundo registro da presença de jesuítas nas terras do Maranhão se faz com a chegada da armada que expulsou os franceses de São Luís em 1615. Os padres Manuel Gomes e Diogo Nunes passaram dois anos e meio realizando trabalhos de evangelização na região, sem formar missão.
Somente em 1622, Luís Figueira e Benedito Amodei chegam a São Luís para fixar residência dos jesuítas, encontrando resistência dos colonos na sua permanência, que só foi assegurada pelo firme apoio recebido pelo capitão-mor Antônio Moniz Barreiros. Os colonos temiam que os jesuítas dificultassem a escravização dos indígenas e por isso foram tão hostis.
Nesse mesmo ano, o colégio e a igreja da Companhia de Jesus em São Luís foram erguidos sobre ermida construída por capuchinhos franceses no tempo da França Equinocial.
Em 1636, Luís Figueira, acompanhando o governador Francisco Coelho de Carvalho, chegou ao Grão-Pará, também enfrentando hostilidade dos colonos. Ele estabeleceu contatos com indígenas, nascendo então a intenção de formar missão na região. Voltou à Europa para obter permissão e apoio para seus planos. Pelo alvará de 25 de julho de 1638, o jesuíta obteve a permissão para a "administração dos índios" do Estado do Maranhão [2]; mas somente em 1643 conseguiu partir com mais 14 missionários. No entanto, sua viagem não chegou a bom termo, a embarcação naufragou na entrada da baía do Sol. Apenas três dos religiosos sobreviveram ao naufrágio e o projeto das missões jesuíticas no Estado do Maranhão e Grão-Pará foi adiado[3].
Somente em 1652 a missão no Maranhão foi retomada, quando o padre Antônio Vieira recebeu ordem da Companhia de Jesus para embarcar imediatamente com destino às missões do Maranhão [4]. Sua vinda para a América também significou uma revitalização do projeto das missões da Companhia na região norte, além dele ter sido o grande articulador da defesa da liberdade dos índios.
A Companhia de Jesus teve uma ação destacada tanto no Estado do Brasil quanto no do Maranhão e Grão-Pará. Foi responsável pela administração de colégios que constituíam-se a base da educação ao longo de quase todo o período colonial. Também articulou importantes iniciativas de missionação dos indígenas, promovendo um complexo e inevitável processo de contatos culturais que muitas vezes causou problemas, mas que ao fim proporcionou significativos elementos para a formação do que é hoje nossa cultura. Consolidou ainda inúmeras iniciativas de ordem econômica que serviram para fortalecer suas ações evangelizadoras, mas que também despertaram inimizades e disputas com outras ordens religiosas e autoridades governamentais. Possuíam fazendas onde criavam gado, plantavam cana-de-açúcar e outros produtos, constituindo-se na priemira metade do século XVIII uma congregação religiosa muito rica e poderosa. No norte, articularam a exploração comercial das drogas do sertão, entre outras iniciativas muito lucrativas.
Tamanho apego à manutenção do poder econômico proporcionou oposições violentas contra os jesuítas ao longo do século XVIII. Duas bulas papais de 1741, que proibiam aos missionários qualquer comércio e o exercício de autoridade secular, foram reafirmadas pelo marquês de Pombal na tentativa de minimizar o poderio dos inacianos.
É justamente no período pombalino que a perseguição aos jesuítas se precipitou. Os inacianos dificultaram a realização de uma série de providências em relação aos indígenas, especialmente no norte e o governo de Francisco José investiu no antagonismo com os padres da Companhia de Jesus. Primeiro foi a lei de 1757, que retirava dos missionários a administração temporal das aldeias, que deveriam ser uma organização puramente civil, doravante. Essa lei foi complementada pelo Alvará de 8 de maio de 1758, o Diretório dos Índios, que pode ser classificado como o responsável pela definitiva secularização das missões do norte.
No ano de 1757, dez jesuítas foram expulsos. Dentre eles destacam-se o padre João Daniel [5], que expusera ao governador uma reclamação sobre a lei das liberdades e foi acusado de insubordinação; e os padres André Meisterburg e Anselmo Eckart, acusados de terem armado os índios, como acontecera no sul nas missões guaranis. Esta acusação se reporta a um episódio que remontava a uma viagem do governador Mendonça Furtado, irmão de Pombal, para transformar a missão jesuítica de Trocano na Vila de Borba, a nova. Quando lá chegou, o governador foi recebido com uma salva de tiros de duas peças de canhão que existia na missão e que, segundo o padre Anselmo Eckart, servia para espantar os índios bugres que por vezes ameaçavam a aldeia. No entanto, Francisco Xavier de Mendonça Furtado reconheceu nesse episódio uma reprodução da formação do exército guarani. O pretexto é evidente, e foi largamente difundido, a ponto de criar uma imagem de que os jesuítas, ao norte, teriam tentado imitar seus irmãos do sul no momento delicado de se obedecer aos ditames do Tratado de Madri de 1750.
Importante notar que os acontecimentos que se desenvolviam na colônia repercutiam no reino, alimentando uma série de denúncias divulgadas por diversas obras. Aproveitando esse momento, Pombal recomendou que o embaixador português em Roma fizesse denúncia contra a Companhia de Jesus, acusando-a de praticar comércio no Grão-Pará e Maranhão. O Cardeal Saldanha da Gama foi indicado pelo papa para o cargo de Reformador e Visitador da congregação inaciana, para investigar essas acusações. Em 1758, o Cardeal confirmou as denúncias, retirou as faculdades de confessar dos inacianos e condenou o Geral da Companhia de Jesus, Lorenzo Ricci, por permitir a comercialização das drogas do sertão.
O golpe de misericórdia estava para ser desferido. Ele se desdobrou em duas medidas tomadas em 1759: a Carta Régia de 28 de junho, reformando os estudos de latim, grego e retórica, e proibindo os jesuítas de ensinarem essas disciplinas, atividade que sempre fora o ponto fundamental da ação pedagógica da Companhia; e a lei de 3 de setembro, na qual os jesuítas foram declarados proscritos, foram desnacionalizados e, finalmente, expulsos do reino de Portugal e suas possessões. Os inacianos foram presos e seus bens confiscados. Os exilados, na sua maioria, se dirigiram a Civita vecchia, nos Estados Pontifícios, mas muitos ficaram presos nos cárceres de Portugal.


[1] Serafim Leite, História da Companhia de Jesus no Brasil. Lisboa/Rio de Janeiro: Portugália/Civilização Brasileira, 1945, v. VII, p. 240.
[2] A patente de Roma que dava a Luís Figueira o encargo de fundar a missão no Maranhão tem data de 3 de junho de 1639. Ver Serafim Leite, Suma Histórica da Companhia de Jesus no Brasil (Assistência de Portugal): 1549-1760. Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar, 1965. p. 249.
[3] João Lúcio de Azevedo. Os jesuítas no Grão-Pará: suas missões e a colonização. Lisboa: Tavares Cardoso & Irmão, 1901. p. 40.
[4] Segundo Serafim Leite, op. cit., p.249Vieira foi o efetivo fundador da missão do Maranhão e Pará.
[5] Depois de expulso, enquanto esteve preso nos cárceres da fortaleza de S. Julião em Lisboa, o padre João Daniel escreveu um livro, Tesouro descoberto no rio máximo Amazonas, Rio de Janeiro: Imprensa Régia, 1830, onde descreveu a região amazônica do ponto de vista geográfico e considerou as potencialidades de recursos agrícolas baseado na sua experiência de dezoito anos como missionário.

http://bndigital.bn.br/redememoria/ciajesus.html

O Vaticano

O pequeno estado do Vaticano foi criado em 1929 quando o papa Pio XI e o ditador Benito Mussolini assinaram o Tratado de Latrão que previa o Vaticano como um estado independente e o recebimento de uma indenização pela perda do seu território durante a unificação alemã e em contra partida, a Igreja Católica teve que abrir mão das terras conquistadas na Idade Média e também teve que reconhecer
Roma como a capital da Itália. 

Em 1947, o Tratado de Latrão passou a fazer parte da Constituição e o Papa teve que jurar neutralidade sobre termos políticos. 


http://www.historiadomundo.com.br/curiosidades/o-vaticano.htm

segunda-feira, 11 de março de 2013

Corpos da Família Imperial são exumados em São Paulo.


Veja esta reportagem do jornal Folha de S. Paulo:

20/02/2013 

Corpos da família imperial são exumados

Corpos de três membros da família imperial brasileira --d. Pedro 1º, sua primeira mulher, d. Leopoldina, e a segunda, d. Amélia-- foram exumados e submetidos a análises físicas, químicas e a exames de imagem na Faculdade de Medicina da USP.

O trabalho, liderado pela historiadora Valdirene Ambiel, 41, fez parte de dissertação de mestrado defendida no Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. As informações foram publicadas no jornal "O Estado de S.Paulo".
Uma das motivações para o estudo foi a preocupação com a conservação dos corpos, sepultados no Monumento à Independência, em São Paulo.
"Há infiltrações, problemas de manutenção e o relevo não ajuda", diz Valdirene. A urna de d. Pedro estava se esfacelando, tanto que foi necessária a confecção de um novo caixão.
MUMIFICAÇÃO
Antes da abertura de cada urna, a pedido da família, um padre realizava uma cerimônia em latim, segundo a pesquisadora, bolsista da Capes.
A maior surpresa encontrada logo após a abertura foi no caixão de d. Amélia. Já se sabia que o cadáver estava preservado, mas não se imaginava quanto. "Cílios, unhas, cabelo, tudo inteiro", diz Valdirene.

Corpos da família imperial são exumados

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Hugo Mori/Divulgação
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Detalhe do rosto de dona Amélia; os corpos de três membros da família imperial brasileira --d. Pedro 1º, sua primeira mulher, d. Leopoldina, e a segunda, d. Amélia-- foram exumados e submetidos a análises físicas, químicas e a exames de imagem na Faculdade de Medicina da USP
O médico Edson Amaro Jr., professor associado de radiologia na Faculdade de Medicina da USP, destaca também o cérebro.
"O órgão conservou sua morfologia. É possível observar até os giros. Isso vai motivar pesquisas futuras."
Editoria de Arte/Folhapress
Depois da abertura e de análises preliminares, para verificar a presença de fungos, por exemplo, os corpos passaram por tomografia.
Mas, para isso, foram levados até o Hospital das Clínicas. A remoção foi cercada de cuidados. O interior dos caixões ganhou uma espuma para fixar os esqueletos no percurso entre o Monumento à Independência, na zona sul, e o HC, na região oeste.
O transporte foi realizado em etapas: d. Leopoldina em março, d. Pedro em abril e d. Amélia em agosto. Os corpos saíam da cripta mais ou menos às 21h e eram devolvidos entre 4h e 5h da manhã.
Para chegar ao prédio do HC onde foram feitas as tomografias, os restos mortais entraram no complexo pelo Serviço de Verificação de Óbitos e passaram por um túnel subterrâneo --tudo para garantir o sigilo da operação.
A ossada de d. Pedro foi a única a passar por decapagem --retirada de resíduos dos ossos-- antes dos testes e também a única a ser submetida à ressonância.
Entre os achados dos exames, destaca-se a aparente ausência de fratura no fêmur de d. Leopoldina.
Acreditava-se que a imperatriz teria sido empurrada de uma escada por d. Pedro, o que teria levado à sua morte. Os testes também permitiram identificar que a imperatriz foi sepultada com a roupa da coroação.
No imperador, não foram encontrados sinais de sífilis na ossada, o que não chega a descartar que ele tivesse a doença como se suspeitava, segundo o médico Paulo Saldiva, professor de patologia na USP.
"Seria possível confirmar por meio de biópsia do coração dele, que está preservado em Portugal."
Amaro Jr. lembra que o trabalho é só um primeiro passo para pesquisas futuras. Uma das possibilidades é fazer uma reconstrução 3D, como um "d. Pedro virtual". Até a voz poderia ser reconstituída a partir de medidas ósseas, diz Saldiva.


http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/1233506-corpos-da-familia-imperial-sao-exumados.shtml

O que publicou o jornal O Estado de São Paulo:
EDISON VEIGA E VITOR HUGO BRANDALISE - Agência Estado
Pela primeira vez em quase 180 anos foram exumados para estudos os restos mortais de Dom Pedro I, o primeiro imperador brasileiro, e de suas duas mulheres: as imperatrizes Dona Leopoldina e Dona Amélia. Os exames, realizados em sigilo entre fevereiro e setembro de 2012 pela historiadora e arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel, com o apoio da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, revelam fatos até então desconhecidos da família imperial brasileira e compõem um retrato jamais visto dos personagens históricos, cujos corpos estão na cripta do Parque da Independência, na zona sul da cidade, desde 1972.
A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo acompanha os estudos de Valdirene desde 2010, quando a historiadora e arqueóloga conseguiu autorização dos descendentes da família imperial para exumar os restos mortais. Na segunda-feira (18), ela apresentou sua dissertação de mestrado no Museu de Arqueologia e Etnologia da USP.
Agora se sabe que o imperador tinha quatro costelas fraturadas do lado esquerdo, o que praticamente inutilizou um de seus pulmões - fato que pode ter agravado a tuberculose que o matou, aos 36 anos, em 1834. Os ferimentos constatados foram resultado de dois acidentes a cavalo (queda e quebra de carruagem), em 1823 e 1829, ambos no Rio.
No caixão de Dom Pedro, nova surpresa: não havia nenhuma comenda ou insígnia brasileira entre as cinco medalhas encontradas. O primeiro imperador do Brasil foi enterrado como general português, vestido com botas de cavalaria, medalha que reproduzia a constituição de Portugal e galões com formato da coroa do país ibérico. A única referência ao período em que governou o Brasil está na tampa de chumbo de um de seus três caixões: a gravação Primeiro Imperador do Brasil, ao lado de Rei de Portugal e Algarves.
Ao longo de três madrugadas, os restos mortais da família imperial foram transportados da cripta imperial, no Parque da Independência, à Faculdade de Medicina da USP, na Avenida Doutor Arnaldo, onde passaram por sessões de até cinco horas de tomografias e ressonância magnética. Pela primeira vez, o maior complexo hospitalar do País foi usado para pesquisar personagens históricos - na prática, Dom Pedro I, Dona Leopoldina e Dona Amélia foram transformados em ilustres pacientes, com fichas cadastrais, equipe médica e direito a bateria de exames.
No caso da segunda mulher de Dom Pedro I, Dona Amélia de Leuchtenberg, a descoberta mais surpreendente veio antes ainda de que fosse levada ao hospital: ao abrir o caixão, a arqueóloga descobriu que a imperatriz está mumificada, fato que até hoje era desconhecido em sua biografia. O corpo da imperatriz, embora enegrecido, está preservado, inclusive cabelos, unhas e cílios. Entre as mãos de pele intacta, ela segura um crucifixo de madeira e metal.
O estudo também desmente a versão histórica - já próxima da categoria de "lenda" - de que a primeira mulher, Dona Leopoldina, teria caído ou sido derrubada por Dom Pedro de uma escada no palácio da Quinta da Boa Vista, então residência da família real. Segundo a versão, propalada por alguns historiadores, ela teria fraturado o fêmur. Nas análises no Instituto de Radiologia da USP, porém, não foi constatada nenhuma fratura nos ossos da imperatriz.
Futuro
"Unimos as ciências humanas, exatas e biomédicas com o objetivo de enriquecer a História do Brasil. A cripta imperial foi transformada em laboratório de especialidades, com profissionais usando os equipamentos mais modernos em prol da pesquisa histórica", disse a pesquisadora, que trabalhou três anos sob sigilo acadêmico. "O material coletado será útil para que as pesquisas continuem em diversas áreas ao longo dos próximos anos." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo

http://www.estadao.com.br/noticias/geral,exumacao-de-dpedro-i-e-suas-mulheres-reconta-a-historia,998740,0.htm

Agora, saiba sobre patrimônio e conservação :  http://portal.iphan.gov.br

Coreia do Norte


07/03/2013 
1) Coreia do Norte anula acordos de não agressão com Seul

Medida foi tomada após sanções do Conselho de Segurança da ONU.
ONU impôs sanções após 3º teste nuclear norte-coreano em fevereiro.

Da France Presse

A Coreia do Norte anunciou nesta sexta-feira (8) a suspensão de todos os acordos de não agressão com a Coreia do Sul, horas após a adoção de novas sanções por parte do Conselho de Segurança das Nações Unidas contra Pyongyang.
A Coreia do Norte "anula todos os acordos de não agressão entre o Norte e o Sul", informou o Comitê pela Reunificação Pacífica da Coreia em comunicado divulgado pela agência oficial KCNA.
O Conselho de Segurança da ONU decidiu na quinta-feira (7) impor uma série de sanções, especialmente financeiras, à Coreia do Norte, em resposta ao terceiro teste nuclear realizado em fevereiro por Pyongyang.
A resolução do Conselho, proposta por vários países (entre eles Estados Unidos, Reino Unido, Coreia do Sul e França) e adotada de forma unânime por seus 15 membros, tenta acabar com as fontes de financiamento utilizadas por Pyongyang para se aproximar de suas ambições militares e balísticas.
As medidas colocam sob vigilância os diplomatas norte-coreanos e engrossam uma lista negra de particulares e empresas submetidos ao congelamento de bens ou à proibição de viajar.
Após o anúncio das sanções, Pyongyang acusou Washington de querer provocar uma guerra atômica e ameaçou o país com um ataque nuclear preventivo. "Já que os Estados Unidos se dispõem a desencadear uma guerra nuclear, (nossas) forças armadas revolucionárias (...) se reservam o direito de lançar um ataque nuclear preventivo para destruir os bastiões dos agressores", informou um porta-voz do ministério das Relações Exteriores norte-coreano citado pela agência oficial KCNA.
No mesmo comunicado, a chancelaria norte-coreana adverte que uma segunda guerra da Coreia é inevitável diante da negativa de Washington e Seul de cancelar as manobras militares conjuntas previstas para a próxima semana.

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/03/coreia-do-norte-anula-acordos-de-nao-agressao-com-seul.html

2) Ataque nuclear por parte da Coreia do Norte seria suicídio, diz especialista

 Mesmo assim, especialista ouvido pela DW diz que Coreia do Norte não ficará só na retórica e vai, de alguma forma, atacar a Coreia do Sul. A China tem papel fundamental na aplicação de sanções contra os norte-coreanos.

Depois de várias ameaças, a Coreia do Norte deverá colocar em prática, de alguma forma, as suas intimidações contra a Coreia do Sul. Isso poderia ser em forma de disparos de artilharia ao longo da zona desmilitarizada entre os dois países, por exemplo.
Isso é o que afirma Christoph Pohlmann, diretor do escritório da Fundação Friedrich Ebert na capital sul-coreana, Seul. Em entrevista exclusiva à DW, ele disse ainda que, caso a Coreia do Norte realize um ataque nuclear, certamente haverá retaliação por parte dos Estados Unidos – o que seria, na opinião dele, "basicamente um suicídio".
Ao mesmo tempo, Pohlmann frisou que a China tem um papel fundamental na aplicação de sanções contra a Coreia do Norte, já que os norte-coreanos realizam 70% de seu comércio com o gigante chinês. Ao mesmo tempo, a China estaria "muito irritada com o comportamento da Coreia do Norte".
Leia a entrevista completa:

Deutsche Welle  Há várias semanas, de forma incansável, a Coreia do Norte vem fazendo ameaças. Primeiro, anunciou que vai realizar mais testes nucleares neste ano e, depois, ameaçou uma guerra nuclear contra os Estados Unidos. Agora, anulou o acordo de não agressão com a Coreia do Sul. Em que medida, com esses acontecimentos recentes, o conflito escalou para um nível novo e mais perigoso?
Christoph Pohlmann Poderíamos dizer que o conflito chegou a um novo nível, que também pode ser verificado em termos de incidentes militares. Isso porque a Coreia do Norte não pode continuar ameaçando sem que essas ameaças sejam seguidas de atos. Isto é, nós realmente podemos supor que a Coreia do Norte vai agir militarmente de alguma forma.

Como isso poderia acontecer?
Pode ser o que já sabemos e vimos apenas nas últimas semanas e meses: mais testes de mísseis, possivelmente também com outros tipos de foguetes, ou mais testes nucleares. Podem-se incluir aí provocações militares sobre terra ou mar, por exemplo, na forma de disparos de artilharia contra uma ilha sul-coreana ou ao longo da zona desmilitarizada entre o Norte e o Sul.

A agência de notícias norte-coreana KCNA anunciou, em sua retórica de guerra, que as relações entre o Norte e o Sul teriam cruzado a linha de perigo de tal forma que a situação não poderia ser mais consertada, e que a situação na península coreana é agora tão perigosa que poderia acontecer uma guerra nuclear. Como você avalia isso?
Isto é, naturalmente, uma retórica inaceitável e causa grande incompreensão e também preocupação à Coreia do Sul. Ao mesmo tempo, a Coreia do Norte tem que saber que, no caso de um ataque nuclear, haverá retaliação nuclear pelo lado dos Estados Unidos. O governo sul-coreano enfatizou isso mais de uma vez. Isso é algo que realmente se deve levar em conta. Isso significa, basicamente, um suicídio – do que todos os observadores estão convencidos. E isso não seria do interesse do regime norte-coreano.

Então quer dizer que o "fundo do poço" ainda não foi atingido?
Não. Mesmo que não haja mais diálogo entre os dois lados, é mais provável que a tensa situação ainda seja agravada, por exemplo, devido a grandes manobras militares por ambos os lados na semana que vem. Mas eu não vejo isso. Não acho provável que a Coreia do Norte vá praticamente acabar a Coreia do Sul com um ataque nuclear, ou pelo menos atingir um ponto muito sensível, por exemplo, bombardeando Seul com armas nucleares.

Quanto ao "atingir um ponto sensível": essa é precisamente a intenção do endurecimento das sanções que o Conselho de Segurança impôs na quinta-feira (07/03) contra a Coreia do Norte. Essas foram as sanções mais duras na história recente do órgão mais poderoso da Organização das Nações Unidas (ONU). Qual é a eficácia deste pacote de sanções? Até que ponto essas medidas atingem o regime de Pyongyang?
O significado simbólico, por si só, já faz com que essas sanções sejam significativas. É um pacote de sanções que consiste em limitações financeiras, mas também o monitoramento das rotas de transporte. E isso também afeta diretamente os empresários que realizam negócios para a Coreia do Norte. Por um lado, estas sanções são importantes. Caso contrário, a Coreia do Norte não responderia de forma tão agressiva a elas. Por outro lado, a sua implementação depende crucialmente da China.
A China apoiou essas sanções – da mesma forma como as outras, contra testes de mísseis – para desgosto da Coreia do Norte. Até agora, porém, Pequim tem sido – formulando de forma diplomática – um pouco relutante na aplicação dessas sanções. Como vizinho da Coreia do Norte e como um país que realiza mais de 70% do comércio exterior da Coreia do Norte, a China tem, claro, um papel fundamental.

Este recente endurecimento de sanções apoiado pela China seria um indício para uma mudança de atitude por parte de Pequim?
Eu ainda não vejo uma mudança de atitude em que a China estaria disposta, eventualmente, a abandonar a Coreia do Norte. Mas, tanto a paciência da liderança chinesa como também dos especialistas científicos, bem como a do público em geral, está lentamente se esgotando. Embora existam diferentes facções – incluindo os que não desejam ameaçar a estabilidade do regime norte-coreano e que querem, por exemplo, manter definitivamente a Coreia do Norte engajada como um amortecedor contra os Estados Unidos –, a China está muito irritada com o comportamento da Coreia do Norte.
Enquanto isso, há preocupações de que o comportamento da Coreia do Norte já não seja mais previsível e parece estar se tornando mais extremo, de modo de a China quer sinalizar ao jovem líder norte-coreano Kim Jong Un que este comportamento agora simplesmente foi longe demais. E, ao mesmo tempo, a China quer apresentar-se mais forte do que no passado recente como um membro responsável da comunidade internacional.

Você vê no momento maneiras de quebrar o ciclo cada vez mais agressivo de ação e reação – e, se sim, onde?
No meu ponto de vista há possibilidades. O problema é que nenhum dos lados parece estar disposto a dar esse passo até agora. Atualmente, a lógica político-militar que prevalece parece sinalizar uma maior escalada e nenhum dos lados quer ceder, pois isso poderia ser avaliado como um sinal de fraqueza. Assim, por exemplo, os Estados Unidos estão conduzindo seus grandes exercícios militares esta semana e na próxima. E a Coreia do Norte deverá responder com outras manobras.
Uma possibilidade seria a de que os Estados Unidos, se possível junto com a China, pudessem apresentar uma espécie de proposta de negociação para sair desta espiral: uma proposta que também ofereça incentivos à Coreia do Norte, o que seria difícil na atual situação de provocação incessante da Coreia do Norte.
Mas, ao mesmo tempo, na minha opinião, não há outra maneira, porque o perigo de que possam haver erros de cálculo de ambos os lados é muito grande, resultando em uma escalada incontrolável da situação. Isso significa que é imperativo que um dos lados – e no momento preferencialmente os lados mais fortes, ou seja, Estados Unidos e China – de preferência juntos, se aproximem dos norte-coreanos e tentem dissuadi-los deste curso. seja de forma aberta ou através de canais informais.

Autora: Esther Felden (fc) Revisão: Roselaine Wandscheer http://www.dw.de/ataque-nuclear-por-parte-da-coreia-do-norte-seria-suic%C3%ADdio-diz-especialista/a-16661325

3) 11-3-2013- A Coreia do Norte declarou "completamente nulo" nesta segunda-feira (11) o armistício que pôs fim à Guerra da Coreia (1950-53) e garantiu, por meio do jornal "Rodong Sinmun", que está se preparando para uma guerra iminente contra a Coreia do Sul e os Estados Unidos.
"Agora é o momento da batalha final", afirmou a publicação do regime após declarar inválido, como anunciou na semana passada, o cessar-fogo vigente há seis décadas. O editorial afirmou que "ninguém pode prever" o que vai acontecer na região, onde a tensão permanece elevada.

O jornal acrescentou que Pyongyang deixou seus mísseis estratégicos e os sistemas de lançamento múltiplo de foguetes de prontidão para um ataque. Além disso, afirmou que todos os cidadãos do país se transformaram em soldados, em uma nova advertência que chega após vários dias de ameaças do regime por meio de seus meios de comunicação.

A vizinha Coreia do Sul assegurou que o acordo de armistício não foi invalidado, pois, legalmente, sua anulação requer a conformidade das duas partes, como indica o texto assinado pelas duas Coreias no dia 27 de julho de 1953.

"Consideramos que o armistício segue de pé e, portanto, descartamos tecnicamente a guerra com o Norte", disse à Agência Efe um porta-voz do ministério de Seul, encarregado dos assuntos entre as duas Coreias.

Coreia do Norte corta única linha de comunicação com Coreia do Sul

Horas antes, o porta-voz confirmou que o regime de Kim Jong-un suspendeu de forma unilateral a linha telefônica da aldeia fronteiriça de Panmunjom, a única via de comunicação entre Seul e Pyongyang, geralmente usada para assuntos de urgência.

O exercício militar anual "Key Resolve", realizado por Coreia do Sul e EUA, que começou hoje e vai até o dia 21, foi o responsável por desencadear as ações norte-coreanas.
Devido ao tom elevado das ameaças da Coreia do Norte, as forças conjuntas de defesa de Seul e Washington mantêm um alerta elevado diante do temor que o regime comunista realize algum tipo de agressão física contra o sul.

Os aliados, cujo exercício militar "Key Resolve" se combina com outro atualmente em curso, o "Foal Eagle", acreditam na possibilidade de Pyongyang também iniciar manobras militares em grande escala nesta semana.

A nova ofensiva verbal é mais um degrau da recente campanha de ameaças do país comunista. Na quinta-feira (7), a ONU impôs novas sanções econômicas e comerciais por conta do teste nuclear de 12 de fevereiro, o terceiro do país após os realizados em 2006 e 2009.
Os EUA mantêm 28.500 soldados no território sul-coreano para defenderem seu aliado diante de um hipotético ataque do norte, seis décadas após o armistício que decretou o fim da Guerra da Coreia. Os dois países continuam tecnicamente em guerra, pois nenhum acordo de paz foi formalizado desde então. (Com Efe)
http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2013/03/11/coreia-do-norte-declara-nulo-cessar-fogo-com-seul.htm
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